EDUCAÇÃO DE PROPÓSITO

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Já é sabido, dito e repetido em todos os principais congressos de educação, no Brasil e no mundo, de que a educação deve mudar, deve adequar-se às tecnologias contemporâneas, deve ter um maior foco nos estudantes e nos professores, diz-se muito sobre protagonismo estudantil e até (não em sua completa maioria, mas ainda sim de maneira evidente) acerca do resgate da função social da escola, enquanto uma instituição social com objetivos claros e bem delineados de primordialmente impactar a sociedade.
Certo, mas se está sendo dito e repetido tantas vezes, porque não vemos mudanças concretas de fato acontecendo a todos os cantos em todas as escolas, cidades e países?
Primeiro há de se considerar a rigidez das estruturas hegemônicas, que quase que de maneira absoluta, clama para si a alcunha de inovadora, mas ao mesmo tempo não abre espaço e/ou orçamento para subsidiar esse processo.
Esse processo se dá principalmente por uma demanda externa a educação, o mercado. O mercado, essa pseudo mão invisível que cada vez mais se mostra em expressão física, real, dura e cruelmente visível, impera sobre as diretrizes de um novo mundo, mas sempre pautado pelo poder hegemônico. Ora, como poderemos então inovar se os movimentos realmente inovadores são silenciados pelo conservadorismo cadavérico imposto por planilhas orçamentárias e pesquisas de consumo?
A educação necessita de propósito, porém - pasmem - ela já tem. Sempre teve. E esse propósito sempre foi claro como o sol: a educação existe para a geração de novas soluções para os cada vez mais novos problemas que cercam a sociedade como um todo, e a cada microcosmos social de cada comunidade em específico.
Isso perpassa um debate raso acerca de ideologias - e pior ainda, a tão falada “ideologização” - chegando, quando se dá a sobriedade devida ao tema debatido, ao trabalho constante de formação de autonomia e criticidade em nossas crianças e jovens.
Esse processo, por mais que individual e intransferível, só pode ser alcançado através da colaboração. É junto que se constrói não apenas os vínculos afetivos, mas também os processos cognitivos de aquisição de linguagem e de conteúdos programáticos das mais diversas áreas do conhecimento humano.
Trocando em miúdos, precisamos - todos - ultrapassar essa arrebentação marítima que nos afasta de mergulhos profundos no alto mar do desenvolvimento humano. É necessário romper sempre com a ordem estabelecida, pois, a partir do momento que ela se instaura sobre a educação e se hegemoniza em vias do mercado, ela está invariavelmente fadada ao erro. E olha só quem são aqueles que em nossa sociedade carregam em si a função factual do rompimento com a ordem estabelecida; os jovens!

Trazer os jovens para dentro do processo pedagógico não só lhes imputa automaticamente determinada construção coletiva da autonomia, como também dá, através de sua substancial liberdade e transgressão, uma estrutura capaz de construir o que de fato poderá nos levar além. Sem amarras, sem medo.

A nós, por nós e para todos nós, o novo!

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